Antiga casa de pescadores açorianos, pé na areia, em área de preservação permanente dentro do Parque Municipal do Morro do Macaco. Totalmente restaurada em 2017, mantendo os padrões de construção e arquitetura da época. Localização privilegiada em canto da Praia da Conceição conhecida por ser abrigada e tranquila.
Você está hospedado em um dos imóveis da propriedade da família Mazzaferro, imigrantes italianos que, em 1949, deixaram seu país em busca de seus sonhos no novo mundo.
Estabelecidos em São Paulo, desenvolveram negócios lá e criaram suas famílias no Brasil. Em 1970, durante visitas de negócios em Itajaí e Florianópolis, descobriram as praias de Santa Catarina e se encantaram com a beleza natural e o clima que lembrava sua terra natal. Em 1974, a família decidiu adquirir uma pequena casa em um terreno no final da praia da Conceição, em Bombinhas.
A casa era uma colorida habitação de pescadores açorianos, feita de madeira, exatamente a que hoje conhecemos como Casa Azzurra. Ela foi cuidadosamente preservada em seu estado original, datando de cerca de 100 anos atrás, conforme registros municipais. Entre 1980 e 2010, a família cedeu a propriedade em comodato a Padres Católicos da região, que a utilizavam para férias e fins de semana, motivo pelo qual os moradores mais antigos do Canto Grande a conhecem como Casa dos Padres, conforme consta nos registros de IPTU da prefeitura.
Naquela época, não havia acesso pavimentado até aqui. A estrada que ligava o trevo da BR 101 em Porto Belo à Praia da Conceição era de terra, e em dias de chuva, subir os morros de Porto Belo e de Bombinhas tornava-se extremamente difícil, levando horas para percorrer distâncias que hoje são bem mais curtas. Não havia uma rua de acesso direto à propriedade ao longo da praia da Conceição.
No final da rua do Canto Grande, onde hoje estão os Restaurantes do Lino e Vô Lauro, a rua terminava, e o acesso às propriedades continuava pela praia. Em dias de maré alta, os carros não conseguiam passar. Nossos pais escolhiam as datas de viagem com cuidado, consultando a tábua de marés da Marinha. Às vezes, ficávamos presos fora da propriedade, ou arriscávamos atravessar a praia com água até as portas.
Naquela época, a planície e a praia do Mariscal estavam praticamente desertas, mesmo durante a temporada de final de ano. Existiam algumas casas de pescadores descendentes de portugueses e açorianos na praia do Canto Grande (Mar de Dentro) e mais algumas na Praia da Conceição, todas seguindo a mesma arquitetura característica: casas de madeira coloridas, com garagem para a canoa de pesca na parte de baixo. A presença da comunidade de pescadores açorianos era marcante na região.
Hoje, além de algumas casas de madeira da época, que resistiram ao desenvolvimento imobiliário, o legado dessa comunidade de imigrantes dos Açores está na pesca artesanal da tainha, que acontece anualmente entre maio e julho, envolvendo toda a comunidade local na preservação dessa tradição.
As canoas centenárias, esculpidas a partir de uma única tora gigante, coloridas e sem motor, são movidas apenas por remos e pela habilidade dos mestres, cercando os cardumes de tainhas que adentram as enseadas em busca de manjuba nessa época do ano. Grandes traineiras de pesca industrial das frotas de Itajaí e Navegantes são proibidas de se aproximar dessas áreas durante esse período, e os banhistas e turistas são incentivados a preservar a tranquilidade para não assustar os cardumes.
Apesar de ser uma temporada mais fria, essa época merece uma visita devido a essas tradições fortes e ao clima seco e ensolarado, com pores do sol encantadores em tons de vermelho, roxo e lilás.
Em 1975, após uma temporada de férias na Casa Azzurra, a família decidiu adquirir mais propriedades ao redor, chegando a comprar o morro inteiro à esquerda da Azzurra em poucos anos. A propriedade de 120 hectares pertencia a vários pescadores locais, todos sem título de propriedade, e foi somente após o reconhecimento do título de propriedade por usucapião que a transação de compra pôde ser concluída.
Em seguida, a família deu início à construção da Casa do Portão, situada na entrada da propriedade. Sob os cuidados do arquiteto Egon Belz, de Blumenau, o projeto reproduz arquiteturas de casas típicas do Mar Mediterrâneo europeu. A construção foi concluída em 1977.
A família encomendou também o projeto da residência principal no topo do morro, uma obra que enfrentou inúmeras dificuldades de engenharia, como a contornagem de pedras gigantes, subidas íngremes em estradas de barro e a limitação de energia e água da prefeitura até a Casa Azzurra.
Naquela época, a natureza estava bastante degradada, com o terreno sendo queimado regularmente, como era o costume das comunidades locais, e com pouca vegetação. Ao longo das décadas, a família dedicou-se à regeneração da flora, da fauna e do regime hídrico local, replantando centenas de espécies nativas. Como resultado, a vegetação se fortaleceu, a erosão do solo foi controlada e as nascentes de água voltaram a ser abundantes. O processo de recuperação ainda está em curso, e quase 50 anos já se passaram.
A fauna nativa também voltou a habitar a área, tornando-se visível para os hóspedes que exploram as trilhas que levam aos mirantes mais bonitos. Trilhas mantidas e sinalizadas por nossos funcionários levam a pontos de interesse geológico e paisagístico, bem como a mirantes de rara beleza natural. Esse é o maior legado deixado pela família Mazzaferro ao município de Bombinhas: uma área de natureza recuperada ou em recuperação, atualmente preservada de qualquer desenvolvimento imobiliário.
A propriedade representa cerca de um terço da superfície do Parque Municipal do Morro do Macaco, criado graças a poucos proprietários cuja missão era preservar a área, não desenvolvê-la.
A cerca de 30 metros da churrasqueira da residência principal, no topo do morro, há uma pedra de fácil acesso de onde é possível ter vista para a Praia do Mariscal e para as praias de Zimbros e Conceição. Este mirante é o lugar perfeito para apreciar o pôr do sol. A cerca de 300 metros dali, em uma trilha leve e de fácil acesso, está o Mirante da Pedra da Conceição, de onde é possível ver a Ilhota, a praia da Conceição e a Praia do Canto Grande.
Também é possível chegar até o costão do canal entre a propriedade e a Ilha do Macuco. A trilha até lá é de dificuldade média e cerca de 700 metros de extensão, com subidas e descidas em áreas de vegetação baixa. Na chegada ao costão, uma pedra com feições de dinossauro chama a atenção.
A trilha até a piscina natural da Lagoinha é longa e mais difícil, passando por mata fechada e nascentes de água, com trechos embaixo de lajes e pedras enormes. Revela pontos distantes e intocados da região. Por outro lado, a trilha até a enseada da Pedra do Amendoim é mais fácil e sem pontos de dificuldade.
Não deixe de nadar até a Piscina Natural da Conceição, localizada nas pedras entre a Casa do Portão e o Trapiche.
Desejamos uma estadia feliz!
Família Mazzaferro